Mais comportada e pobre, parada gay de SP encolhe
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Com menos orçamento, mais comportada e supervigiada, a 16ª Parada do Orgulho LGBT deste ano encolheu. Pela primeira vez na história do evento, a organização não divulgou oficialmente o público que compareceu à Avenida Paulista na tarde deste domingo. Para a Polícia Militar e o público presente, o evento atraiu muito menos gente que nas edições anteriores.
"Está
muito mais pobre, com menos gente, menos carros, menos divulgação",
definiu a travesti Desire Viana, de 33 anos, analista de sistemas que há
oito anos vem de Porto Alegre (RS) para o evento. Neste ano, de fato,
orçamento evento teve orçamento de R$ 325 mil - R$ 120 mil a menos que
no ano passado. O número de trios elétricos também caiu, de 16 para 14.
Com
70 pessoas da Guarda Civil Metropolitana à paisana e câmeras voltadas a
combater o comércio clandestino de bebidas, os camelôs tiveram de
abandonar os carrinhos e isopores, camuflando-se com pequenas mochilas.
"Houve
100 atendimentos médicos, a maioria por embriaguez. Quatro pessoas
tiveram de ser levadas a hospitais", disse o tenente coronel Benjamin
Francisco Neto, que comandou a PM durante a Parada. No ano passado, a
estimativa de atendimentos médicos foi de 500 casos.
Após a
polêmica do ano passado, que teve como tema a frase
"Amai-vosUnsAosOutros" e a exibição de cartazes de santos, a organização
do evento adotou um discurso menos provocativo e mais político. O tema
deste ano foi "Homofobia tem Cura: Educação e Criminalização". A
organização afirmou, inclusive, que medir o público presente não era
mais importante, e sim a mensagem do evento. Apesar de não divulgar o
número, o presidente da Parada, Fernando Quaresma, disse que o evento
bateu recorde de público. No ano passado, a estimativa oficial era de
4,5 milhões de pessoas, o que fazia da parada gay até então a maior do
mundo.
Frequentadores mais antigos da parada afirmam que, cada vez
mais, o evento parece uma balada. "Com o passar do tempo a parada ficou
pior, no meu modo de ver. Não é mais um marco do movimento, um símbolo
da resistência", disse o assessor parlamentar Odair José da Silva, 30.
Quem
chegou um pouco mais tarde, encontrou a Avenida Paulista silenciosa por
volta das 16h, duas horas após o início do evento. Os trios elétricos
já avançavam pela Consolação rumo ao Largo do Arouche e um batalhão de
garis ia trabalhando atrás. A estimativa da Prefeitura era de que a
região da Paulista estivesse limpa até as 22h.
A PM afirma que
foram registrados oito furtos, de celulares e carteiras, além da
apreensão de dois punhais. Segundo a corporação, não houve nenhuma
ocorrência grave.
Durante a manhã, em entrevista coletiva,
autoridades manifestaram seu apoio ao evento LGBT. A senadora Marta
Suplicy (PT), disse, inclusive, que acredita que a sociedade brasileira
retrocedeu em relação ao conservadorismo. "Há 16 anos, nós tínhamos
skinheads matando pessoas homossexuais e, por isso, foi realizada a
primeira parada. E hoje, a parada terá como o tema a homofobia novamente
e, mesmo assim, nós não conseguimos votar no Senado Federal a
criminalização da homofobia, e isso é muito sério."
O prefeito
Gilberto Kassab (PSD) foi sucinto em seu discurso, mas demonstrou apoio à
causa GLBT e, principalmente, à Parada. "A cada ano essa festa, se
aperfeiçoa, se moderniza, se integra, do ponto de vista política e de
infraestrutura."
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